domingo, 24 de maio de 2020

ALAN BUNCE - Entrevista



Mário Teixeira(MT)- Alan, quando é que começaste a desenhar e pensaste que poderias fazer disto profissão?
Alan Bunce(AB)- Os meus pais conheceram-se numa escola de artes. Teria talvez dois/três anos de idade quando o meu pai trabalhou quase a tempo inteiro em casa, como ilustrador. As coisas que ele fazia maravilhavam-me. Sentava-me numas escadas a olhar para ele e copiava-o. Em casa, lápis e papel estavam sempre disponíveis. A minha mãe era doméstica a maior parte do tempo mas também pintava aguarelas e fazia artesanato. Portanto, entrei no mundo da ilustração sem de facto me ter apercebido que já estava nele!
MT- Trabalhaste em séries de Cinema de Animação como storyboard e realizador. Nomeia-me alguns.
AB- A minha memória já não é o que era. Consulta o IMDb que está lá tudo! (Segue o link) https://www.imdb.com/name/nm0120327/?fbclid=IwAR3LJQAp4zHdpbpEOlRw5n9tWMaZ4RoVujFZvxJebA4qjaiCLSRZmQY9Iio
MT-Sei que trabalhaste na Coreia do Sul. Como é que foi essa experiência?
AB- Sim, trabalhei na Coreia por duas vezes e das duas vezes foi durante, mais ou menos, um mês! Da primeira, deram-me uma quantidade ridícula de trabalhos para fazer…foi divertido! A secção dos falantes de inglês estava cheia. Acabei por ir trabalhar com coreanos na secção de efeitos especiais. Uma forma de ter conhecido melhor um país diferente!
MT- Conhecemo-nos nas conhecidas Comic Jams de Toronto nos anos noventa! Achas que aquelas sessões eram/são só um ajuntamento de maluquinhos da Banda Desenhada, ou poderão também funcionar com alavanca à divulgação de novos valores? (Nota MT: éramos frequentemente entrevistados por jornais e televisões de Toronto e de cada vez que isso acontecia, o El Mocambo ou o The Cameron House, bares onde se realizavam as nossas jams, enchiam por completo!)
AB- Direi, os dois casos mas também a camaradagem, encorajamento, apoio de pessoas com interesses em comum, ambições, problemas e diferentes estilos de vida! Fazer banda desenhada em grupo, é um exercício interessante talvez até um bocado educacional…dependendo da quantidade de cervejas que tenhas consumido! Alguns acabam por trabalhar em antologias o que significa que há uma rede de autores a funcionar, troca de informações importantes, novidades no mundo dos comics e cultura em geral. Sim, basicamente, é um ajuntamento de maluquinhos da Banda Desenhada! J
MT- Tens algum conselho a dar à malta nova que está agora a começar, seja na BD ou cinema?
AB- Divirtam-se! Provavelmente serás pobre toda a vida mas pelo menos divertiste-te e divertiste alguém por esse mundo fora! Ok! Esquece essas de te divertires…acabarás pobre! (riso) Bem… isto pode soar a negativismo mas vou refazer a resposta. Cartoons(cinema), “comics” é uma actividade divertida para quem o faz, porque gostamos mesmo daquilo que fazemos! O explorar e descobertas do que fazemos, solucionar alguns problemas que nos aparecem pela frente, corrigir… tudo isto a desenhar…! Há um gozo tremendo nisto tudo. Vivemos disto, do que realmente gostamos mas se o fizeres pensando que ficarás rico ou famoso ou porque é tudo muito fácil, poderás ter um choque! Talvez acabes por te desviares para uma outra profissão. Não sei, talvez! Que tal Mário? Olha; daria o conselho do Frank Zappa: 1-Não pares! 2-Continua! Talvez os únicos conselhos que aceitaria de bom grado!
MT- Ahahahahah!
MT- Quantos “comics” publicaste?
AB- Publicados? Só o ZZZ número 1! Foi edição de autor! Não ganhei nem perdi o que aparentemente já é um feito! Tenho mais outros 5 livros acabados mas nem sequer me preocupei em publicar.
MT- ...e foi com o ZZZ que ganhaste um prémio! Conta lá como é que foi isso?
AB- Foi o Russ Manning Most Promising Newcomer Award! Acho que eles não sabiam a idade que tinha! (risos) No que me toca, eu nem sequer sabia quem era o Russ Manning. Desenhou o Tarzan, Star Wars, comic strips para os jornais! Bem… milhões de anos-luz daquilo que faço. Ele deve estar a dar voltas no túmulo! (riso)
MT- Umas palavrinhas para terminar.
AB- Rosebuuuuu…..
MT- Ahahahahah!!! Thanx Alan!

Mário José Teixeira

1 comentário:

Carlos Rocha disse...

Entrevista tão curta quanto elucidativa. Fica-se com vontade de mais. Pensem nisto. ;)